Pelo norte!
Old but not gold
Valkyrie Elysium traz, de cara, uma atmosfera old school, e não é porque faz parte de uma série que começou com o JRPG Valkyrie Profile de 1999. Dizemos porque o jogo se baseia em regras e elementos de design comuns a era PlayStation 2. De um jeito ou de outro, este ponto já deve definir se você ira gostar ou não do jogo.
O jogo se passa durante o Ragnarok - o fim do mundo na mitologia nórdica - onde o rei (e deus) Odin criou seres conhecidos como Valquírias para cumprir suas ordens após sua guerra apocalíptica contra um grande lobo mau chamado Fenrir. Você joga como uma dessas Valquírias, e a ordem de Odin envolve esmagar muitos monstros com uma grande variedade de armas em nove níveis que se passam em vários locais diferentes, mas muitas vezes esteticamente semelhantes.
A história é um monte de nada acrescido de várias coisa nenhuma, e se você está aqui porque adora a mitologia nórdica e quer saber mais sobre deuses e reis e seres míticos, então não há muito no jogo para você, além de decepção. A coisa só se torna levemente interessante cerca de quatro ou cinco minutos antes dos créditos começarem a rolar. Sua Valquíria é fria, sem entonação e monótona por grande parte do jogo, e Odin poderia muito bem estar vestindo uma camiseta da Shein com os dizeres "Eu sou realmente mau" impressos no peito. Há um vilão de fala mansa que é divertido, e alguns de seus companheiros adicionam um pouco de tempero ao game, mas Valkyrie Elysium é, basicamente, sem sal.
Faltou "tômperro"
A falta de sabor também se estende aos designs dos níveis, com os lugares que você visitará sendo principalmente grandes espaços vazios, como em muitos jogos 3D de priscas eras e de consoles pouco potentes; artificiais, monótonos e sem vida, como se existissem puramente para você lutar com algum cenário na tela, só pra não ficar em branco. Sabemos que é o apocalipse e tal, mas parece que ninguém existe ou já existiu neste mundo além do punhado de personagens que você conhece em sua jornada, e enquanto há poucos colecionáveis para encontrar e missões secundárias para desbloquear, a exploração é basicamente inexistente.
E depois de tudo isso ainda há os gráficos, bem, peculiares. Há algo desconcertante sobre Valkyrie Elysium visualmente. Os personagens e certos elementos no ambiente são acentuados com contornos pretos grossos que podem funcionar em um título mais visualmente aventureiro (ou velho), mas aqui significa apenas que a Valquíria e seus membros do grupo parecem não pertencer ao mesmo mundo ou locais eles visitam. É como um CGI ruim em um filme de ação de baixo orçamento, e pode ser bastante desagradável de se ver às vezes.
Como desgraça pouca é bobagem, as cenas são prejudicadas, ainda mais, por dublagens péssimas e algumas animações absurdas. Há algum pop-in enquanto você está vagando pelo mundo e, muito ocasionalmente, a taxa de quadros cai um pouco durante batalhas particularmente agitadas. Se você nos dissesse que Valkyrie Elysium era um jogo de PlayStation 3 remasterizado para PS5, nós acreditaríamos em você.
Briga! Briga! Briga!
Todas essas coisas que acabamos de dizer provavelmente soam bastante desanimadoras, e não se engane, todas essas coisas são verdadeiras e o jogo, que poderia, e deveria, ser primaz é horroroso do ponto de vista técnico. Mas se você não se importa com nada disso, ou estiver disposto a passar por cima de toda essa miríade de falhas, e tudo o que você quer é um RPG de ação hack and slash que oferece combate satisfatório e mecânicas interessantes, então Valkyrie Elysium pode ganhar um espaço em seu coração.
Você tem os ataques rápidos e pesados usuais, feitiços e esquivas e tudo o mais que você esperaria em um jogo desse tipo, com uma adição Einherjar – guerreiros já mortos e absorvidos pelas Valquírias – para ajudá-lo na batalha. Você recrutará os espíritos dos soldados ao longo de sua aventura e, assim que eles se juntarem ao seu grupo, você poderá convocá-los. Você pode personalizar quanto tempo seu amigo convocado ficará ao seu lado na batalha, com a compensação de que quanto mais tempo ele ficar, menos vezes você poderá chamá-lo.
Cada convocação vem com um bônus adicional, pois quando você convoca um Einherjar, sua arma fica imbuída do elemento associado a esse guerreiro. Então, se você está lutando contra um monstro de fogo e esse monstro de fogo odeia gelo, invocar seu Einherjar de gelo significa que seu amigo fantasma causará um grande dano contra a criatura com seus ataques, e você também terá o bônus de dano elemental aplicado à sua arma.
Use bem as almas
Todos os inimigos têm uma fraqueza, e se você infligir consistentemente dano que explore essa fraqueza, eventualmente eles entrarão no estado "crushed", o que basicamente significa que eles ficam imobilizados por um curto período de tempo, permitindo que você os massacre até que saiam deste estado de torpor temporário. Você pode convocar dois Einherjar de cada vez, e saber qual chamar em que momento para explorar as fraquezas de seus inimigos é uma mecânica bacana, divertida e que traz fôlego às batalhas.
Outra escolha bacana quando se trata do combate é a Soul Chain, um tipo de gancho mágico. Tocar em L2 quando você tem um inimigo como alvo permite que você se prenda a ele e imediatamente salte para a posição dele. O alcance da Soul Chain é bastante generoso, e assim as batalhas se tornam um balé de atacar e esquivar e então correr para outro inimigo do outro lado da tela, despachando-os um a um, indo até o chefe e liberando seu Einherjar. Sua Soul Chain também serve pra se livrar de ataques de chefes, você pode se prender e se lançar a algum outro inimigo na tela, distante do chefe, fazendo você evitar o impacto de magias ou aqueles ataques mais poderosos e que lhe dariam um bom dano.
Os níveis são bastante curtos e não devem levar muito mais do que uma hora do seu tempo, e tivemos o jogo finalizado em dezesseis horas. A brevidade, aqui, é uma virtude. Além das missões secundárias completamente dispensáveis, não há realmente nada a se fazer. É apenas uma série de batalhas contra inimigos cada vez mais difíceis e então acabou. O combate é de longe o mais forte do jogo, mas com um número limitado de inimigos para enfrentar, foi uma decisão sábia manter a aventura curta e doce e terminá-la antes que ela se tornasse completamente insuportável.
Conclusão
Valkyrie Elysium é um jogo de duas metades. O design de níveis e objetos, e personagens e objetivos parecem ter pelo menos duas gerações de defasagem, além de tudo os personagens e o enredo são fracos e completamente esquecíveis. Não há nada memorável, nada que afete nossos sentimentos e nos prenda, nada de nada, mas se você quiser apenas quinze a vinte horas de combate rápido, frenético e fluido, sem se apegar, podemos recomendar o jogo tranquilamente, mas não espere absolutamente nada além disso.