Fernando Russo 06/04/2020

Eu sinto a necessidade - a necessidade da velocidade!

Publisher: SEGA
Developer: M2
Gênero: Flight Sim, Arcade (Simulador de Vôo, Arcade)
Plataformas: Nintendo Switch

É justo dizer que os últimos jogos da série Sega Ages foram um pouco abaixo do esperado. Não que eles tenham sido jogos particularmente terríveis - afinal estamos lidando com clássicos vindos direto dos arquivos de uma empresa lendária - mas jogos como Sonic the Hedgehog 2 e Puyo Puyo 2 dificilmente nos fornecem algum senso de aventura.

A série definitivamente está no seu melhor quando se concentra nos títulos da Sega que nem todo mundo teve em casa no passado, como Virtua Racing, Fantasy Zone e Icihidant-R. Felizmente, o G-LOC se enquadra nessa categoria; de fato, é a primeira vez que a versão arcade original está disponível para um sistema doméstico.

Pronto para voar, baby

Embora tenhamos versões do game para Mega Drive, Master System, Game Gear e computadores no início dos anos 90, a edição original, aquela onde você pagava fichas para jogar (Oh saudade), do G-LOC está pela primeira vez num console caseiro, e há um bom porquê. O jogo se valia do Y Board da Sega, um sistema de arcade também usado para Power Drift e Galaxy Force, o que permitia na época alguns truques bacanas, como rotação de sprites e altas taxas de quadros. O resultado é um jogo que permanece bom até hoje, apesar da idade.

À primeira vista, G-LOC parece uma versão avançada do outro clássico da Sega, o After Burner. Embora aqui o jogo seja mais aproveitado da perspectiva da primeira pessoa do que do ponto de vista da terceira pessoa, você será perdoado por confundir os dois, mesmo por conta do sucesso que After Burner fez nas Américas. Na realidade, existem diferenças notáveis ​​entre os dois que, sem dúvida, tornam o G-LOC muio mais cheio de ação.

Em After Burner, o objetivo principal era a sobrevivência; você teve que percorrer seus 18 estágios sem morrer e, apesar de abater inimigos, tornar seu objetivo mais fácil, não era essencial. Correndo o risco de ser controverso, After Burner é um jogo em que a covardia é uma estratégia legítima, porque você pode fazer o seu caminho através de cada estágio, simplesmente evitando conflitos.

A melhor defesa é o ataque

G-LOC é diferente porque se trata de ataque, não de defesa. Cada um de seus estágios pede que você destrua um certo número de inimigos dentro de um tempo determinado. Quanto mais rápido você os matar, mais seu tempo será estendido para a próxima etapa. Nesse sentido, está mais perto de um jogo de corrida como Out Run do que de After Burner. Em vez de simplesmente tentar chegar ao fim, você precisa caçar ativamente seus inimigos e matá-los da maneira mais eficiente possível.

Para fazer isso, você conta com duas armas: uma Vulcan Gun (que é basicamente apenas uma metralhadora) e um suprimento infinito de mísseis. Enquanto a Vulcan Gun é boa para tirar alguns dos aviões mais próximos do ar, são os mísseis que compõem a principal mecânica do jogo. Coloque um inimigo em sua mira por tempo suficiente e seu cursor ficará vermelho, bloqueando-o. Uma voz gritará "fire" e, se você disparar um míssil aí, nesse ponto, terá um abate garantido. Um bom jogador de G-LOC, portanto, é eficiente em mirar em inimigos e disparar mísseis de maneira rápida.

Existem três níveis de dificuldade para escolher, com a opção Iniciante, que limita o quanto você pode mover e rolar o seu avião e faz você voar a uma velocidade constante. Já nos níveis Médio e Especialista, seus controles de rolagem são totalmente desbloqueados - tornando seus turnos muito mais loucos e permitindo que você voe de cabeça para baixo à vontade - e você obtém acesso a boosts e after burners para aumentar a velocidade, se necessário, a fim de alcançar os inimigos. Isso torna as coisas muito mais emocionantes.

Já haviam opções de desing ruins atingamente?

Dito isso, o modo de controle mais avançado leva ao aborrecimento mais notável do jogo: o estágio em que você mergulha ao longo de um desfiladeiro sinuoso, evitando as margens do penhasco. As curvas acentuadas nesses níveis são quase gerenciáveis ​​no modo Iniciante, mas nas maiores dificuldades de jogo, simplesmente navegar por esses níveis é um desafio e tanto. Imagine que terá que navegar e caçar seus inimigos, ao mesmo tempo, e isso se torna frustrante.

Os níveis de dificuldade não afetam apenas o manuseio de sua aeronave, cada um deles representa um conjunto de estágios completamente diferente: 9 no iniciante, 13 no médio e 16 no especialista. Isso dá pelo menos algum valor de repetição a um jogo que, francamente, não tem muito mais o que oferecer além do que já mostra logo de começo. Como é um jogo de arcade, sua principal razão para continuar jogando é tentar ultrapassar sua pontuação anterior, o que nesse caso implica tentar limpar todas as fases no menor tempo possível.

O que traz de novo, afinal?

Quando se trata de recursos e opções extras, a série Sega Ages geralmente oferece uma seleção saudável delas. Em G-LOC há várias adições interessantes criadas para tornar o jogo mais acessível para iniciantes e adicionar novos desafios para os especialistas. Em termos de recursos de jogabilidade, está disponível uma trava de mira mais rápida, além de opções para disparar automaticamente sua metralhadora e centralizar a tela sempre que você estiver mirando para fora do estágio.

Indiscutivelmente, o novo recurso mais apreciado, no entanto, é o Modo Ages. Ele consiste em um novo conjunto de 16 fases com um único nível de dificuldade, que começa bastante fácil e eventualmente se torna extremamente difícil.

Em termos de apresentação, a qualidade da M2 brilha como sempre. E como sempre, existem várias opções de exibição diferentes, podendo-se jogar com um filtro de suavização, scan lines, com um de cada vez, com ambos ou sem eles, bem como a opção de dimensionar a imagem de várias maneiras. Também adiciona algumas venues divertidas baseadas em gabinetes arcade da época de lançamento do jogo: o vertical é um tanto incômodo de se jogar, mas a opção de jogar no arcade de luxo do jogo é realmente muito divertida, e o ruído do ambiente de casas de fliperama que o acompanha é um bom toque extra.

E por falar em saudade

Infelizmente, não há opção - pelo menos que possamos encontrar após um longo teste - para desbloquear o gabinete insano de G-Loc chamado R360. Essa máquina mais do que fantástica fazia com que os jogadores movessem e girassem 360 graus, levando a alguns movimentos selvagens que viraram o player de cabeça para baixo, acompanhando o movimento do jogo, e fizeram com que algumas cenas nojentas fossem garantidas. Apenas 100 desses gabinetes foram fabricados - Michael Jackson possuía um - e, como é improvável que muitos de nós já tenhamos experimentado um, uma versão simulada teria sido bem bacana.

É bom ver outro título da Sega Ages dedicado a um jogo que nunca teve um lançamento decente em consoles caseiros, e o fato de ser divertido significa que é mais do que apenas um jogo para atrair saudosistas e colecionadores. Claro, o jogo tem lá seus problemas - os estágios de canyon são um pesadelo - mas esses pontos não tiram o fato do jogo ser muito divertido.

Conclusão

Um título de arcade repleto de ação, com um foco maior no jogo ofensivo do que o After Burner. O primeiro lançamento decente, sem ser um port deficiente do arcade, de G-LOC, é mais do que bem vindo. Há alguns estágios frustrantes e, como é o caso da maioria dos jogos de arcade, tem problemas de longevidade, mas contanto que você não se importe em jogar a mesma série de estágios repetidas vezes para se destacar no ranking on-line, ou apenas por diversão, é uma boa maneira de gastar aqueles 10 minutinhos que você tem sobrando em algum momento do dia.

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