Fernando Russo 26/06/2020

De volta aos anos 90

Publisher: 3D Realms
Developer: Voidpoint LLC
Gênero: FPS - First Person Shooter (Tiro em primeira pessoa)
Plataformas: PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One, Microsoft Windows, Linux

Gostinho dos anos 90

Ion Fury, do desenvolvedor Voidpoint, tem uma história bastante interessante. Rodando em uma versão modificada da Build Engine - mais famosa pelo game Duke Nukem 3D - Ion Fury é o primeiro lançamento comercial feito com a Build em 21 anos. Então, com algum grau de apreensão, entramos em um jogo de tiro rodando com tecnologia de 20 anos atrás. Mas há alguma razão para realmente se preocupar? A melhor maneira de resumir é com um comentário paradoxal: não, mas também sim.

Qualquer um que cresceu jogando jogos retrô de FPS, como DOOM, se sentirá imediatamente em casa. Os recursos têm uma simplicidade encantadora, tudo é construído usando cores vibrantes e o tom do jogo parece um pouco rebelde, como Duke Nukem. Sugestões sexuais abundam, gangues itinerantes esperam para matá-lo no segundo em que você entra no beco, e as referências dos anos 80 estão por toda parte.

Hail to the Queen, baby.

Você joga como Shelley "Bombshell" Harrison, uma especialista em eliminação e desativação de bombas. Não que isso realmente importe; O personagem de Shelley existe e pronto, sem muitas explicações. Ela, é claro, tem que parar os vilões e dirá muitas frases ao longo do caminho, a maioria das quais não é exatamente engraçada. Mas, quando visto como um todo, a coleção de declarações idiotas fica cada vez mais agradável quando você se dá conta e pensa que "os jogos costumavam ser escritos assim". Ajuda a “narrativa” e o diálogo a adquirir uma qualidade encantadora que, de outra forma, não existiria se Ion Fury visasse uma filosofia de design mais contemporânea.

A primeira coisa que você nota é o quão variado é o mundo. A amplitude de cores e as mudanças na iluminação são impressionantes, e torna-se evidente desde o primeiro nível que a Voidpoint está consumindo cada grama de energia da Engine. Os níveis são grandes, sem perdão e labirínticos e, apesar de esmagadores no início, tornam-se agradáveis de navegar rapidamente. E a variedade de locais pelos quais você precisa arrastar Shelley é realmente impressionante. Começando em meio a arranha-céus no estilo cyberpunk, o cenário rapidamente se espalha para vales subterrâneos mais escuros e sujos antes de repentinamente e espetacularmente levá-lo a um hospital que parece fazer parte do mundo perdido de Sir Arthur Conan Doyle. Não há muita história, justificativa ou motivos para transições de local, mas realmente não precisa haver. Em um capítulo do jogo você passa a maior parte do tempo limpando um arranha-céu, andar por andar, e logo depois, você se encontra em um trem descontrolado que colide com um sistema de esgoto. E antes que você consiga vislumbrar, estará limpando um estádio inteiro, repleto de inimigos.

Ion Fury não é uma exceção a regra e possui diversos segredos espalhados pelas fases, como um bom FPS de antigamente. Cada capítulo (dos quais existem 6) tem entre 20 e 50 segredos cada. Cada capítulo também possui um “mega segredo”, um processo de várias etapas que desbloqueia um item muito poderoso ou uma homenagem prestada com carinho a algo que a equipe de desenvolvimento gosta. Muitos dos segredos normais se enquadram no conceito clássico de “interagir com essa parede que é de uma cor ligeiramente diferente”, mas muitos usam inteligentemente o ambiente para informá-lo sobre o local específico que você deve procurar para encontrar aquele explosivo extra que esta escondido, esperando por você. Embora os mega segredos sejam provavelmente mais bem encontrados usando uma explicação passo a passo, muitos dos segredos regulares são fáceis de encontrar, e quase sempre valem a pena.

Let it roll

Saúde, armadura e munição não são difíceis de encontrar, mas não haverá um segundo que você não precise de itens. O combate, embora não seja terrivelmente desafiador, ainda requer atenção. Usando uma combinação de mira baseada em projétil e frame bump, o jogo faz um bom trabalho em ajudá-lo com a assistência à mira que se parece com jogos mais velhos, quando mirar não era um recurso. Se houver um inimigo nas proximidades do seu retículo, há uma boa chance de você acertá-lo. Mas mais precisão oferece melhores recompensas, pois os tiros na cabeça não apenas decapitam os inimigos, mas também lançam coletes e saúde aos céus em uma fonte de sangue.

Muitas das armas também oferecem momentos divertidos. Você tem suas armas padrão como uma espingarda e uma pistola, mas a mais exclusiva é provavelmente a "bomba de boliche", uma super bola que você pode arremessar tal qual uma bola de boliche. Se você acertar uma grande concetração de inimigos com um desses, poderá ouvir o som de uma bola de boliche acertando alguns pinos, seguido por Shelley dizendo algo espirituoso. Essa arma provavelmente personifica melhor o quanto os desenvolvedores parecem ter se divertido fazendo jogo, e esse amor se estende à própria experiência. Havia pouquíssimos casos em que não tínhamos um tempo absolutamente agradável. Um desses casos foi o primeiro chefe do jogo, onde uma arena circular bem mal feita é colocada no jogo antes do chefe aparecer. O resto dos chefes, embora muito mais fáceis do que o primeiro, são muito mais agradáveis ​​e interessantes. Os outros problemas vêm da única grande falha do jogo: o desempenho técnico.

Menos estável que Boy Bands

Nas 15 horas passadas com o jogo, encontramos nossa parcela de quedas de quadros. Isso, por si só, não é grande coisa e, honestamente, acontece com pouca frequência e pode ser quase totalmente ignorado. O que não pode ser ignorado, porém, é o quão volátil é a estabilidade do jogo. Em nossa jogatina, o jogo travou não menos de 20 vezes e, no momento em que escrevemos, não conseguimos terminar o jogo, porque um bug em um dos níveis travou o jogo no segundo em que tentamos ultrapassar um corredor. Infelizmente, o corredor também é o único caminho a seguir. Depois de entrar em contato com o desenvolvedor, recebemos a confirmação de que o problema está sendo analisado e, esperamos, que já tenha sido corrigido em um patch futuro quando você ler isso.

Conclusão

Ion Fury é um jogo de tiro que imita fenomenalmente as origens do FPS, e o que fez do gênero algo tão maravilhoso. Um loop de jogabilidade atemporal que facilmente extrai a diversão de uma fórmula tão antiga que se estende por décadas, o jogo é diversão pura. Os problemas técnicos que encontramos tornam as coisas um pouco menos agradáveis, mesmo com o último patch para evitar crashes. Mesmo assim, aproveitamos o tempo que passamos jogando de forma espetacular e o recomendamos a qualquer fã do gênero, ou a quem queira ter novamente um gostinho dos clássicos de antigamente.

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