Marlos Sanuto 18/07/2016

Crítica – As Caça-fantasmas

Será que o 'Hater' salvou o filme?

By Marlos Sanuto A equipe de marketing não teve uma tarefa muito fácil para promover “Caça-fantasmas”, a refilmagem do cult de 1984. A escolha corajosa de um elenco feminino chamou a atenção. Talvez até demais. Os primeiros trailers, bem ruins e confusos por sinal, deram inicio a uma campanha negativa que tomou conta da internet. Já não se sabia mais oque era sexismo, mimimi ou algo fundamentado. Tanto que o presidente de Sony, Tom Rothman em pessoa, veio a publico dizer que um possível fracasso não seria por conta da releitura com elenco feminino.Mas o mestre das comedias Paul Feig soube assimilar bem as criticas. Fez concessões visíveis (como eliminar uma cena de dancinha ridícula). E entregou um ótimo filme, repetindo a parceria de sucesso com Melissa McCarty (“Missão madrinha de casamento”, “As bem armadas” e “A espiã que sabia de menos”).No fim, o ponto forte do filme é justamente o casting feminino. A personalidade de cada uma é muito bem definida. Com destaque para Kate McKinnon que compõe muito bem a pirada Dra. Jillian Holtzmann, com uma pegada meio punk 80. E todas com um humor bem característico. Kristen Wiig (Saturday night Live) esta bem a vontade no papel da respeitada professora da Universidade de Columbia, Erin Gilbert. Que escreveu um livro sobre a existência de fantasmas no melhor (ou pior) estilo “Alienigenas do Passado”. Juntamente com Chris Hemsworth que brilha quando o roteiro permite e surpreende com timing de comedia em parceria com Kristen Wiig. Alem de emprestar “corpo” (literal e figurativamente) à ótimas piadas. Patty Tolan (Leslie Jones), é a funcionária do metrô de Nova York. Ela presencia estranhos eventos no subterrâneo, e se une as cientistas para investigar. Ela é aceita por conta de seu conhecimento das ruas, guetos e prédios da cidade em que cresceu. Daí vem minha primeira critica. Porque a única negra no grupo não poderia ser cientista. Parece mimimi mais incrível como mesmo sem querer acabamos caindo em estereótipos. Na franquia original o personagem de Winston Zeddmore seria o ex-militar que agregaria à parte tática do grupo. Faria todo o sentido se não fosse cortado o tempo de tela. E com a personagem Patty Tolan tiveram a oportunidade de corrigir esse equivoco. Mesmo com boas piadas antirracistas, acabamos caindo na velha zona de conforto. Mas nada que estrague o carisma da personagem. Todas funcionam muito bem juntas alias.Durante o filme eu me questionei se o mesmo não poderia ser uma sequencia. Já que ele se assume como historia independente e sem conexão com o original. Mas porque então tanta referencia ao primeiro longa de 84? Inclusive com participações especiais dos atore originais. Porem, praticamente figurantes de luxo, e totalmente subutilizados. Pensando sobre, cheguei a conclusão que ele não se enquadraria em continuação, como muitos queriam, e nem reboot. Reciclagem seria a palavra. Durante a exibição você percebe alguns termos, conceitos e até piadas recicladas dos originais. Porem de forma bem feita e com uma liberdade que talvez uma continuação não permitisse. Ate mesmo a fotografia assinada por Robert D. Yeoman tenta emular o trabalho original de Laszlo Kovács. E permanece, de forma assertiva, a mesma ideia original dos “encanadores”. Que tem um trabalho sujo que ninguém quer fazer mas quando algo da errado, quem você chama?Embora algumas piadas pareçam deslocadas, ou fora do timing, o tom da comedia agrada o grande publico. E no decorrer da trama vai ficando mais natural e só melhora. Fazendo inclusive humor com as próprias criticas recebida nas redes. A parte cientifica é muito bem explorada. Sem a necessidade de personagem orelha fazendo o papel do publico leigo. Quase todas são cientistas e conversam como tal. Com termos técnicos e pseudocientíficos tão avançados que poucos vão se atrever a questionar sua veracidade. Até a paleta de cores ultra saturada e o fato dos fantasmas terem uma áurea de neon mega colorida (que alias está bem na moda hoje com púbico jovem) tem uma explicação simples e convincente na trama.

Conclusão

Mesmo com um inicio de produção duvidosa o diretor Paul Feig e o produtor Ivan Reitiman (que dirigiu o original) conseguem fazer um filme divertido e honesto que resgata a franquia com muita dignidade. Visivelmente foi mexido, depois da onda de hate. Mas creio que até isso contribuiu para um filme sem excessos. A trilha original com uma pegada mais moderna ajuda a dar aquele velho clima matinê no fim de tarde. Diversão garantida para toda a família. E que pode redefinir o futuro dos blockbusters estrelado por mulheres. Vamos torcer.

Critica

Ghoustbusters - Caça Fantasmas Columbia Pictures

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