Victor Andeloci 01/10/2023

Celeste

Cover
Ano

2018


Publisher

Maddy Makes Games


Developer

Extremely OK Games


Gênero

Plataforma, Indie, Pixel Art


Plataformas

Linux, macOS, Nintendo Switch, PlayStation 4, Windows, Xbox One, Google Stadia

OBS: Essa review foi publicada há alguns anos em outro site ao qual eu fazia parte. Como o site saiu do ar ano passado, decidi republicar aqui com algumas modificações.

Celeste: um jogo com alma

Conheci Celeste em seu lançamento através de amigos que recomendaram. Um jogo da Extremely OK Games (mesmo estúdio por trás de outro indie divertidíssimo: Towerfall), muito bem avaliado, aparentemente estiloso e desafiador e com parte dos desenvolvedores vindos de terras tupiniquins?Não podia ignorar e comprei pouco tempo depois. Certamente o que me ganhou foi o que vi no trailer que vou deixar abaixo. O estilo pixelizado sempre me conquistou, mas não foi um fator decisivo. É impressionante o número de porcarias pixelizadas por aí. Vi no trailer um jogo que tinha "algo a me mostrar". Intuição? Talvez. Mas vi algo ali, alguma coisa… escondida…

No estilo do jogo, no gameplay, na forma como os personagens estavam se comunicando através de murmúrios ou talvez algo na música. Foi o que fez eu ter certeza de que era um bom jogo. Foi até um pouco curioso: comprei o jogo por preço de lançamento e nunca havia pagado "tanto" em um indie. Valeu cada centavo.

É complicado falar de Celeste pois é o tipo de obra que nos envolve. O game tenta (e consegue!) se comunicar com a pessoa de nosso interior. É muito fácil se identificar com a protagonista, Madeline, que está fazendo duas coisas que, querendo ou não, todos nós estamos: fugindo de si mesma e em busca de um rumo.

Veja bem, sei que é um jogo. Sei que não necessariamente as coisas que parecem representar algo estão de fato representando aquilo. Muitas vezes a obra é produzida com o único objetivo de divertir seu público e nós atribuímos significados e questões internas e pessoais. Não acho que é o caso de Celeste.

A busca de Madeline

A plot do jogo é a seguinte: Madeline quer subir ao topo da montanha Celeste. Não são entregues muitos detalhes do porquê, mas fica claro que ela quer "respirar novos ares". É evidente a fuga de problemas pessoais e demônios interiores. Para Madeline, subir a montanha é muito importante, pois significa várias coisas: que ela consegue, que ela pode enfrentar seus outros problemas, que ela é mais do que pensa.

Creio que já estou divagando muito aqui. Não faço por mal nem tento encontrar um significado onde não existe. Mas o jogo é assim. É tocante. Em diversos momentos Madeline é obrigada a enfrentar, por exemplo, ela mesma. Uma representação maligna dela - e que é abordada na gameplay de uma forma genial. Essa versão invertida representa algo ruim, uma parte fraca, uma face de Madeline que talvez nem mesmo exista, mas que se tornou real para Madeline. (me fiz entender?)

Como disse, seria muito complicado falar sobre isso. Não ouso nem tentar explicar esses detalhes do jogo, pois acredito que se conecte com cada jogador a sua forma. Nenhum de nós tem as mesmas experiências de vida ou lidamos com sentimentos de uma forma "padrão". Isso é pessoal demais, assim como esse jogo. Acredito que seja único, para cada um que jogar. Para que você, que está lendo, possa tentar entender o tanto que isso tudo significa: não há outra alternativa se não jogar.

Bloco “fingindo que entendo de videogame”

Esse lado do jogo, essa face que aborda todos esses complexos aspectos da mente humana, é tão importante para a obra do jogo em si que até esqueci de falar sobre jogabilidade e outros detalhes.

Graficamente ele segue essa temática 2D pixelizado. Confesso que hoje em dia já é muito comum ver jogos com esse estilo muito lindos. Viro até corriqueiro, o que nos faz cometer o erro de não parar e realmente observar a arte do jogo. Celeste é lindo. Destaque aos cenários muito bem elaborados, desenhados e ao level design impecável.

Em sua jogabilidade, existem três ações principais: pular, agarrar (paredes e superfícies verticais) e o dash (movimento rápido para frente). Com basicamente essas três habilidades, Madeline tem o objetivo de enfrentar os desafios que a grandiosa Celeste coloca a sua frente e vencê-la, chegando ao topo da montanha.

A música, com certeza, é um dos vários aspectos mais importantes e que ajuda a compor essa obra. A trilha sonora traduz bem cada momento importante do jogo: de uma simples contemplação de cenário a uma fuga eletrizante. 

Uma obra completa

Acredito que essa seja a definição correta: obra. O jogo não seria tão poderoso sem todos seus elementos principais. A jogabilidade difícil, a música, os efeitos visuais pixelizados e a história compõem algo maior: uma obra completa. Sem qualquer uma destas bases, seria uma mesa manca.

Para tentar finalizar uma linha de raciocínio, retomo o que disse antes: é um jogo único. Cada indivíduo irá interpretar e se conectar com ele de uma maneira. É um jogo muito divertido e desafiador, com músicas autênticas e um gameplay muito bem elaborado. Recomendo esse aqui para qualquer um: desde aquele que só quer jogar algo divertido a aquele que, assim como eu, procura sempre algo a mais nos jogos. Garanto que o algo a mais está presente nesse aqui.

Assim como Madeline, desafie a Celeste.

9

Esse só perde para Chrono Trigger...

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