
“Bem vindo à Grande Familia!!!”
A franquia Resident Evil no cinema acabou contaminando os jogos a partir do 5, com uma pegada mais militar com tiros e explosões. Em jogos que parecem roteirizados por Michael Bay. Mas a redenção chega como uma volta pra casa.
Por Marlos Sanuto (Texto pode conter spoilers leves do inicio do jogo) A franquia resident Evil foi lançada em 1996 e foi um marco nos jogos de terror, cunhando o termo Survival Horror. Sua mitologia só cresceu, com vários jogos, remakes, remasters e uma franquia de sucesso no cinema.Entendo que com a evolução dos consoles a mecânica precisou acompanhar e em agosto de 2005, Resident Evil 4 foi uma mudança total em relação à concepção da franquia. Influenciado pela pelos filmes os jogos acabaram se voltando mais para ação perdendo a identidade de survivor horror, culminando na 6ª edição que sacrificou ainda mais sua personalidade tentando agradar o maior público possível mas apenas se tornando o título mais fraco da série.Em uma tentativa de reencontrar sua identidade em meio à lançamentos e remasters, a Capcom lança na E3 de 2016 a propondo um reboot conceitual e uma volta às raízes da série.Demo/Prólogo de Resident Evil 7 Posso dizer como fã da saga que a Capcom coloca a franquia de volta ao eixo de forma excepcional. Talvez, (apenas “talvez”) influenciada pela naufragada demo PT de silent Hill, a Capcom tenha decidido voltar com ao terror mais cru, agora em 1ª. Pessoa. Volta também o ambiente claustrofóbico de um local fechado, agora não mais uma mansão como no 1º jogo, mas uma cabana isolada.
História - Em Busca da Esposa Desaparecida
Depois de várias tentativas de voltar com seus personagens clássicos jogo após jogo, tiveram a corajosa e acertada decisão de apresentar personagens desconhecidos. Mesmo sem fundamentar seus backgrounds com as histórias passadas, os fãs mais saudosos ficarão satisfeitos com o que é apresentado.Resident Evil 7 se passa cronologicamente após Resident Evil 6. Em uma fazenda na Louisiana no interior dos EUA o personagem Ethan Winters irá para a propriedade dos Bakers a procura de sua esposa desaparecida Mia Winters. O local é envolto em mistério por conta de histórias da reclusa família Baker, uma espécie de “A Grande Família” versão redneck. O que se desenvolve a partir daí “sem dar spoilers” é que os Bakers são obcecados pelo seu conceito bizarro de família e sua casa é um reflexo disso. Uma vez que Ethan recusa o “convite” de fazer parte dessa união, tem início sua jornada de horror e desespero enquanto busca sua esposa e tenta desvendar (ou não) os segredos desse lugar bizarro. Um ponto salutar é como eles referenciam a cultura pop de terror, algo comum nos dias de hoje, mas que aqui feito com extrema competência. Cada membro da família tem sua personalidade inspirada em arquétipos de famosos filmes de terror. O pai é como Michael Myers da saga Halloween, implacável com sua presença que pode ser percebida por quase toda casa. O filho faz jogos mentais, atacando sua sanidade no melhor estilo “Jigsaw” (Jogos Mortais). E é na exploração que se encontram as pistas que nos guiam pela narrativa e encaminham para os diversos finais.
Mecânicas - O Survival Horror de Resident 1 Está de Volta e Renovado.
O segredo da franquia Resident Evil, em sua essência, sempre foi a sobrevivência em uma situação de extremo terror/horror. Resident Evil 7 faz isso de uma forma repaginada trazendo elementos marcantes de jogos anteriores. Afinal, eles não cunharam o termo “Survivor Horror” de bobeira. Todos os elementos de gestão de recursos estão presentes. Inclusive as safe houses e por mais bizarro que possa parecer o conceito de um cara te olhando dentro de uma sala sem poder entrar, vai por mim, você vai se sentir aliviado por ela existir. Os baús clássicos estão de volta. E com eles o inventário limitado, sendo necessário combinar itens ou guardar equipamentos ou armas para poupar espaço. A velha máquina de escrever é substituída por um gravador que funciona como “Save Point”. Os ângulos de câmera ao examinar um objeto também vão lhe trazer um frescor de Resident 1 2 e 3. A partir de RE4 a câmera principal mudou para cima do ombro, mudando também o foco do gameplay para ação.

Considerações finais – Essa Família é Muito Unida...
No momento em que escrevo esse artigo eu creio estar no final do jogo. Como fã da franquia fiz questão de realmente tentar fazer uma análise mais profunda do game. Nesse meio encontrei alguns easter eggs que não vi ninguém mais comentando, então preste bastante atenção em tudo à sua volta. A Capcom precisou de um choque de realidade para se reinventar e arriscar com novas ideias. Muitos dizem que estas são raras no business de hoje. Creio que, muitas vezes falta é coragem para apostar nelas. Mas como eu disse, por vezes é preciso levar este “choque” para voltar aos trilhos e ao menos para isto Resident Evil 6 serviu. Parabéns ao produtor (ou estagiário não sei) que detectou o hype criado com PT de Silent Hills e surfou na onda, trazendo realmente o sentimento de pavor de volta. Sinto pena de quem jogou com o Playstation VR pois deve ter sido um “Teste pra Cardíaco” (ler pensado na voz do Galvão).
Resident Evil 7
Capcom PC, PS4, Xbox One*As opiniões retratadas abaixo são de inteira responsabilidade do autor do texto, não retratando a opinião do site.